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Orfeu e os seus Avôs em busca do Tósão

1ª Edição ESGOTADA

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Crítica de Ricardo Nunes ao livro: "No ano de 1995, andava eu na universidade, foi publicado 'O amor é fodido', do Miguel Esteves Cardoso. O gajo estava na moda. Não me lembro do enredo, mas aquilo eram palavrões em catadupa e eu achei o livro fantástico. Há alguns anos, encontrei o título numa livraria e abri-o por nostalgia. As poucas frases que li não me prenderam e as asneiras pareceram-me completamente gratuitas. Em 'Orfeu e os seus avôs em busca do Tósão', os impropérios não são gratuitos. Por um lado, se eu, ou vocês, tivéssemos que contar as desventuras de um homossexual obeso, cujos avós partilham a mesma orientação sexual e com quem descobre ter partilhado um amante, que tem uma irmã satânica e uma avó que usa expressões como 'levar no cu' e 'esgalhar o pessegueiro', e que perde ambos os avós e um querido avôdrasto-psicólogo-amante no hiato de três semanas, também teríamos que encher o livro de palavras de má índole. Por outro lado, e isto provavelmente anula tudo o que escrevi até aqui, neste parágrafo, a Margarida não usou assim tantos palavrões (será que usou mesmo algum?), de onde se tira que lhe são caros e, muito naturalmente, ninguém está para oferecer o que é caro. O livro, além da história que lá vem, é um cabaz de ofertas. São cinquentas e poucas páginas de papel muito grosso, no meio das quais, vêm várias fotografias de obscenidades disfarçadas. No pacote (e isto não é uma alusão ao personagem principal), vêm ainda um crachat, uma carta da autora, um pin, um saquinho todo catita e uma lâmina de barbear, colada com lacre encarnado a um envelope preto (ganda pinta!). O conto encaixa bem nisto tudo. Lê-se de um trago. Está cheio de lugares comuns e de exageros que, individualmente poderiam parecer rebuscados, mas que no conjunto são coerentes e equilibrados. Relata-se uma existência exagerada com um exagero de palavras e expressões que lhe conferem credibilidade. O Orfeu é mesmo assim. Ao Orfeu-personagem acontece mesmo tudo. É um exagero. E, daí, ser proporcional que o Orfeu-texto contenha um desfile de provocadores atos, gestos e revelações. Exageradamente, pois claro. Daqui a 25 anos, quando estiver a vaguear pela última livraria de rua, e bater com os olhos neste título, vou abri-lo por nostalgia. Não sei se alguma frase me prenderá então. Nem se a provocação me parecerá gratuita. Enfim, sei. "Eu, Orfeu, tenho uma verruga na ponta da pila!" é incontornável e vai ser sempre a fonte de uma gargalhada!"

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