Solo: Rodrigo Amado
Texto: Margarida Azevedo
Fotografia: Ricardo Leiria
Sentada num bar. Alta, pernas longas e esguias.
Quem a visse acharia que estava acompanhada. Na mesa dois copos e uma cadeira
ligeiramente afastada.
As pernas cruzadas de forma sublime.
Ouvia o saxofonista contar-lhe uma fábula que costumava contar aos filhos.
Esboçava um sorriso no vazio. Esperava que na cadeira alguém se voltasse a sentar, mas apenas o seu copo se mantinha. O outro copo já havia sido tirado da mesa e a cadeira que antes estava afastada voltava a estar arrumada.
O bar era pequeno. Abafado.
Um sofá velho e desgastado pelo tempo e pelo uso das incontáveis pessoas que por ali
partilhavam confidências.
Bebeu o que restava do gin de um só trago e voltou a sorrir. Agora amargamente.
Levantou-se e desviou a cadeira da mesa. Pediu um gin e um Bushmills.
Pousou os dois copos em frente um do outro.
E ficou amarguradamente à espera.
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