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Foto do escritorMargarida Azevedo

Albatre | The Fall of the Damned

Atualizado: 5 de mar. de 2019



 

Podem ouvir aqui.

Edição | 2018


Albatre é desde o disco Nagual uma das agradáveis surpresas na minha estante. Bem, dizer "na minha estante" não é bom sinal porque queremos que seja uma agradável surpresa no meu leitor. Por isso retifico! Albatre é uma agradável surpresa no meu leitor. 

Quando os vi ao vivo na SMUP, a 3 de julho de 2015, fiquei de ouvido cheio e corpo ritmado.

Este disco The Fall of the Damned é, mais uma vez, um reflexo daquilo que o meu ouvido gosta. Diálogo longo e composto, andamentos variados, groove e linhas de baixo e bateria bem "rockeiras".  O que me fez olhar para o disco dos Albatre da primeira vez? A capa! Para mim das capas mais bem conseguidas da  Clean Feed/Shhpuma  (uma total questão de gostos. E sim os gostos discutem-se!). Desta vez o que me fez querer ouvir este disco? O facto de já conhecer Albatre e querer ouvir o que ia acontecer outra vez na minha sala quando carregasse no play. Sabia de antemão que dois portugueses e um alemão iriam invadir o meu espaço com dois dos instrumentos que mais gosto: baixo e bateria e um que tenho vindo a aprender a gostar - o saxofone. E, claro, aconteceram uma panóplia de coisas desde os primeiros segundos. Primeiro o pé começou involuntariamente a bater ao som do tema que intitula o disco. Em Goya já tinha entranhado o saxofone do Hugo Costa e em Dance of a Dead Paradise as electrónicas tornaram tudo incrivelmente dançável. Passei do pé a bater para a anca a mexer e uma vontade indescritível de os ver ao vivo. A repetição de patterns rítmicos é hipnotizante e foi nesse preciso momento que prestei mais atenção aos nomes dos temas e do disco. Mas antes de passar a esse ponto os temas vão tocando e na sala já não sou a única atenta ao que pus a tocar. Em Ship of Fools a leve esquizofrenia do saxofone, a bateria compulsiva e o grito eletrónico enchem-nos as medidas. São dez minutos intensos a que se seguem mais dez hipnóticos minutos com Peasent Dance.E quando chego ao último tema - Horned Animal - encontrei o metal a espreitar. E porque não? Faz, sem dúvida, sentido fechar o álbum assim.  Como tinha referido a arte está neste disco desde a música ao nome dos temas. 1. The Fall of the Damned - Pintura de Peter Paul Rubens e é essa mesma imagem a capa do disco. 2. Goya - Francisco de Goya foi um pintor que na sua obra representou a moral, o estranho e o bizarro da vida humana. Durante a última parte de sua vida, Goya cobriu as paredes de sua Quinta del Sordo com as famosas "pinturas negras".3. Dance of the Dead Paradise - The Dance of Death é um quadro de caráter religioso de Hans Holbien the Younger.4. Asmodea - Uma das pinturas negras de Goya.5. Ship of Fools - Pintura de Hieronymus Bosch.6. Peasant Dance - Pintura de Pieter Bruegel the Elder.7. Horned Animal (Remix by Torture Corpse) - Sem certezas remeto-vos para o bode que pode assumir diversas representações e significados. Neste contexto assumiria o bode enquanto demónio. Da capa aos temas - a arte, a religião e o macabro andam de mãos dadas com os ambientes sonoros de jazz, rock e metal. Uma relação de amor à primeira escuta.


Créditos 

Hugo Costa alto sax. & effects  Gonçalo Almeida bass, keyboards & electronics  Philipp Ernsting drums & electronics 

All tracks by ALBATRE 

Recorded and mixed by Albatre at Soundport, Rotterdam | Master by Bernardo Fesch at Gizmeister Studios, Lisbon  Produced by Albatre | Executive production Travassos for Trem Azul | Design by Travassos | Paintings by Rubens



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