Podem ouvir aqui.
Edição | 2018
Editora | Zona Watusa
Vão ouvir!
Esta review podia ser apenas isto: V-ã-o o-u-v-i-r! J-á!
Um dos meus discos (neste caso cassete) de 2018. Direto para o meu TOP 10.
Quem acompanha o que escrevo aqui no (Diz)sonâncias deve estar, neste momento, a pensar que sou groupie do Gonçalo Almeida. E tu, Gonçalo, deves pensar que tenho todo o potencial de uma stalker.
Pois que de groupie não tenho nada e Gonçalo se me vires em dezembro num concerto dos Ikizukuri não tenhas medo. Sou, sem margem de dúvidas, uma apreciadora dos projetos em que o Gonçalo toca. Até agora, encaixam que nem uma luva, daquelas de cabedal cheias de estilo e qualidade, no que de melhor se faz neste “género”.
Vou deixar, propositadamente, género entre aspas porque aqui a discussão será sempre subjetiva, acesa e não é o caminho que pretendo traçar nesta review.
Ikizukuri apresenta em Hexum, com um elenco de luxo, um registo sonoro rico, intenso, com muito metal e punk/rock à mistura, com momentos de acalmia e repetição e acima de tudo com paisagens sonoras de excelência.
O lado A é composto por onze temas de curta duração (a maioria com menos de dois minutos) mas intensidade é algo que não lhes falta. A duração não é tudo.
Percebem onde quero chegar?
Sim, sou suspeita. Gosto mesmo muito deste disco.
Esta review é o crime perfeito. Sou eu a escrever sobre o que gosto. Do início ao fim. Mas os gostos discutem-se e se alguém pretender discutir este disco comigo só posso alertar que não vai valer a pena.
Vou ser acérrima defensora e pôr-vos a ouvir a Chubbuck em modo repeat até perceberem onde quero chegar. Os últimos oito segundos são um tremendo orgasmo da bateria do Gustavo Costa e do baixo do Gonçalo Almeida. Pode ser curto mas é intenso.
E se não perceberem ouvem o Pavão até à exaustão. As raízes deste projeto beberam do metal e isso é completamente percetível.
Julius Gabriel deixa-me sem fôlego logo nos primeiros segundos de Uhde e aguçou-me a curiosidade de ouvir mais daquilo que faz.
Sim, há fortes probabilidades de haver mosh no Sabotage no próximo mês de dezembro. Se Ikizukuri forem ao vivo o que mostram neste disco os “headbangers” vão ficar à rasca do pescoço!
Há muito que não ouvia um tema como Baah em que tudo começa de um “1,2,3,4” e quando damos por nós estamos de regresso aos bons velhos tempos em que íamos para os concertos de punk/rock abanar o corpinho como se não houvesse amanhã. Não precisas da guitarra elétrica, nem sequer sentes falta dela, porque tens o power total do saxofone.
Hexum, no labo B da cassete, é uma autêntica banda sonora! Mas das boas! São dezoito minutos e quarenta e seis segundos de uma história muito bem contada. É o momento de respirar, baixar os níveis e assimilar o free jazz/ punk rock e o metal que acabaste de ouvir.
Um disco que deve fazer parte da biblioteca sonora de qualquer um de nós.
Os Ikizukuri com o seu Hexum vão devorar-te os ouvidos e deixar-te com uma tremenda vontade de ouvi-los ao vivo.
Curto, intenso e que nos tira o fôlego. Que mais se pode pedir?
Datas em Portugal:
19.12 - Sabotage (Nariz Entupido), Lisbon, PT
20.12 - Oficinas Do Convento, Montemor-o-Novo, PT
21.12 - Smup Parede, PT
22.12 - Grémio Caldense, Caldas da Rainha, PT
Alinhamento
1.Mottle
2.Uhde
3.Beinum
4.Yinon
5.Pavão
6.Barere
7.Baah
8.Chubbuck
9.Okwaraji
10.Keilberth
11.Hexum (lado B)
Créditos
Julius Gabriel - tenor sax. and electronics
Gonçalo Almeida - bass
Gustavo Costa - drums
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Side A
Recorded, mix and master by Gustavo Costa at Sonoscopia, Porto
Side B
Recorded live by Gustavo Costa at Passos Manuel, Porto
Mix and master by Bernardo Fesch at Gizmeister Studios, Lisbon
Illustration by Chris Haslam
Graphic Design by Maarten Neering
Words by Andy Leenen
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