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José Lencastre Nau Quartet | Eudaimonia

Atualizado: 5 de mar. de 2019



 

Podem ouvir aqui.

Edição | 2018

Editora | FMR Records


Não. Nada é aleatório. Nada é por acaso.

Quem tem vindo a acompanhar o que escrevo irá perceber que “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”.

Nada é comparável.

Posto isto, se és daquelas pessoas que, como eu, não dispensa um bom disco para ouvir nas viagens de comboio então, não te aconselho este! Mas não pares de ler aqui.

Atenção! É, sem dúvida, um excelente disco! Mas precisas de ter o volume alto e silêncio em redor para que consigas assimilar todos os pormenores.

É para mim um disco de “Inverno”. Daqueles para ouvir no quentinho da sala enquanto bebes um Irish Coffee com a chuva lá fora. Poética a imagem mas foi mesmo assim que este disco me soube bem.

Em “Eu” cumpre-se, e bem, o chavão “less is more”. Deixar soar cada nota, de tal forma, que quando acaba ficamos em suspenso. E assim será ao longo do disco. Um crescendo de intensidade e dinâmica. É o início de uma longa caminhada entre baixo, saxofone, piano e bateria. Para quem acha que este jazz é de malta que não se está a ouvir entre si, tentem. Tentem ouvir com os ouvidos todos!

Os apontamentos subtis do piano do Rodrigo são pequenos requintes para os nossos ouvidos e a bateria do João é uma agradável surpresa nos momentos mais “explosivos”.

Em “I” o José ajuda-me a entrar no tal mundo dos sopros que eu, tantas vezes, tenho dificuldade em digerir. O José entra num diálogo intenso e eu predisponho-me a interpretá-lo. E isso é a essência da Eudaimonia.

Já fui de ouvido mouco e teimosa. Já me recusei a aprender a ouvir, de tal forma que há uns anos na loja Trem Azul comentava com o Ricardo (colaborador da Clean Feed) que “não gosto de pifarinhos. A esquizofrenia dos gritos dos sopros irrita-me!”. Quem me ouvia dizer tal barbaridade e se mostrou disponível para conversar e catucar nesta cabeça casmurra foi o trompetista Sei Miguel. Na altura ouvi mas só alguns meses mais tarde comecei a querer, efetivamente, ouvir mais. Ouvir sem ideias preconcebidas. É sempre, a isto, que me predisponho.

Mas voltando ao que interessa. Entretanto estamos em “Mo” e respiramos. Respiramos o piano do Rodrigo, a bateria do João e o baixo do Hernâni naquela cadência que só ouvindo irás perceber ao que me refiro. Esse baixo, ouço-o. Sempre lá. Presente e marcante.

“Ni” é A malha! São nove minutos de perfeito entendimento. É claro que sou suspeita porque o baixo do Hernâni é, inquestionavelmente, música para os meus ouvidos.

Fecham em “A” um disco bem conseguido, com músicos conhecidos destas andanças e que, neste quarteto, dão o que de melhor têm: técnica, sensibilidade e entrega. Sem dúvida, que esta Eudaimonia alcançou a sua plenitude. É a satisfação que surge do nosso crescimento cognitivo e emocional. O nome certo para este disco!


Alinhamento


1. Eu  2. Da 3. I  4. Mo 5. Ni  6. A 


Créditos


José Lencastre - Alto Sax

Rodrigo Pinheiro - Piano

Hernâni Faustino - Bass

João Lencastre - Drums

You can check us on Youtube:

FMR Records

Recorded by João Pedreira at Timbuktu Studio, 07/04/2018

MIxed by DB, mastered by Ary at Toolate Studio

Artwork by Miguel Cravo


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