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Live in Lisbon by Hilmar Jensson, Rafael Toral

Atualizado: 23 de abr. de 2020



 

Podem ouvir aqui.


Um disco com o Rafael Toral. O que mais será preciso dizer? É simples: tal como na culinária com os ingredientes certos e uma mão experiente o resultado só pode ser saboroso.

E é exatamente esse o resultado deste duo. Saboroso!

Sensíveis ao que o outro sente, atentos ao que os move. Duas realidades distintas que se cruzam e formam um só.

Hilmar Jensson era para mim um desconhecido até ouvir este disco. E foi assim que iniciei a minha descoberta sobre o seu mundo musical. Um islandês com um som quente e modelado. Uma guitarra que nos transporta para o espaço das eletrónicas do Rafael Toral.

Uma única faixa. Quarenta e seis minutos e quarenta e seis segundos de abstração. Num dia em que as nuvens esconderam o sol, em que a lufa-lufa de quem passa nos incomoda a paz interior, nada como colocar o disco a tocar e desligarmo-nos da nossa realidade. Deixarmo-nos levar para outros sítios, outras realidades, outros cenários. E nisso o Toral é mestre. É mestre de muitas das minhas viagens tanto mentais como no papel. A facilidade de me levar até ao espaço sem precisar de fatos especiais e de seguida estar na floresta amazónica é tão grande que me faz bem aos estímulos elétricos cerebrais.

Fluo entre o sentir racional e cerebral ao sentir emocional e inexplicável.

Mais uma vez dei por mim a perguntar: “Mas por onde é que tenho andado que falho a ida a uma série de concertos em Lisboa que me iriam encher de boas energias”.

Este disco é de ter e ouvir, mas ao vivo o encanto deve ser ainda maior. Eu gosto disso. Mais que um bom disco gosto de não me desiludir quando ouço os projetos ao vivo. E uma boa gravação ao vivo tem destas coisas, traz consigo um arrependimento de ter falhado a presença.

Sou extremamente sensível a determinadas frequências altas (sons agudos) e por isso a minha, tão falada noutros textos, dificuldade em lidar com determinados instrumentos de sopro, e neste disco existe um momento que despertou esse pequeno momento de arrepio em mim. Não é um arrepio que me saiba bem mas quando acontece tenho perfeita noção que o problema sou eu e esta minha fragilidade a determinadas frequências. Não que me cause dor mas desperta em mim uma certa animosidade relativamente ao som. Decidi ir ver bem que passagem é essa e dura apenas dois segundos. Ando a treinar o ouvido para lidar melhor com frequências altas e a cada dia que passa reajo melhor a isso. E quando dou por isso já vou nos trinta e dois minutos e o disco aproxima-se demasiado rápido do fim.

Uma viagem intensa entre o racional e o espiritual, entre o espaço e a Terra, num jogo de perceções que nos aguça os sentidos e nos faz querer fazer parte desse universo tão vasto que se criou entre Portugal e a Islândia.

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