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Foto do escritorMargarida Azevedo

Oni de Roji



Podem ouvir aqui.


Ou é, ou não é! Estranho seria se não fosse. Oni encaixa nos meus ouvidos no primeiro segundo. Entra de rompante, deixa-me rendida e faz-me automaticamente relembrar como é ouvir um disco em que Almeida e Schneider se encontram. Intenso desde o primeiro momento. Rock, jazz, improvisação. Chega-nos tudo de uma assentada só. Voice conta com Riccardo Marogna como convidado. Assumo que não o conheço, poderia aqui fazer bluff e dizer-vos toda a biografia dele e os seus projetos. Não o farei. Façam como eu e visitem o site dele. Maravilhem-se senhoras e senhores. Quem acompanha o que escrevo já sabe: despejar biografias não é comigo. Deixo-vos parte do trabalho de casa feito e aconselho a que aprofundem conhecimento sobre o seu trabalho. É bom, mas bom.

Voltando ao tema Voice. Muitos dirão que é uma chinfrineira, mas não é. Pelo menos para os meus ouvidos. Este disco chegou-me com uma nota: “sabendo que gostas de um som com algum peso”. E não podia estar mais bem anotado. Este som cai-me que nem uma luva. Ouvi-o de fio a pavio. Sem me levantar, sem arredar pé, sem sequer me lembrar de desinfetar as mãos. Transportei-me automaticamente para uma sala de espetáculos onde, sentada de cerveja na mão, saco do meu caderno e escrevo um conto daqueles de jorro quando a música me proporciona tal estado de espírito. Isto é como no sexo, ou vai ou racha. Mas sobre sexo e música irei escrever brevemente.

O exercício hoje não é esse (apesar de saber que irei fazê-lo). Hoje é deixar-vos com sensações e impressões sobre o que excelentes músicos fazem de forma incrível. Passei a Pretense com Giovanni di Domenico no piano, teclas e eletrónicas. E entrei numa autoestrada. Sempre a abrir, com a visão a afunilar e os ouvidos a expandir. Ora se até aqui vim sempre em quinta em The Presence desacelero e meto uma abaixo por pouco tempo porque em milésimas de segundo volto ao registo que tanto gosto. Um minuto e dezasseis segundos em que Almeida e Schneider me levam até às noites de metal em Cacilhas. Na verdade levam-me até uma matiné de metal, que se passou há alguns anos, a um domingo. Bela tarde, essa.

Expulsion e o Riccardo Marogna volta à carga. Chiça, que isto em trio tem ainda mais power. Ora se até aqui eu já me mantinha atenta, a partir daqui só fico mais curiosa com o que aí vem. Alimenta-me a curiosidade de chegar a Oni, malha que intitula o disco.

Clash foi o tema que escolhi para passar no podcast do DizSonâncias (podem ouvir aqui no site). É O tema. Se estivesse no comboio a ir para o trabalho, e conhecendo-me de ginjeira, era Clash em modo repeat (assumo que esta malha está para mim como Asmodea dos Albatre) – Brutal!

Breakpoint abre-nos a cortina para Oni. Voltamos a ter a presença de Giovanni di Domenico. Fechamos o disco com Oni e com vontade de ouvir mais. Não digo com isto que é um disco curto, simplesmente ouvia mais e mais de seguida. Enche-me as medidas, encaixa em mim e nos meus ouvidos.

Acompanhem os projetos de cada um destes músicos e perceberão como tudo faz sentido, como são muito, mas muito bons e como é sempre um prazer ouvir e usufruir da sua música.

Oni é um discaço que deveria entrar pelas casas da malta à descarada! É ouvir e adquirir no bandcamp. Agora, se me permitem, vou voltar à faixa 1, reouvir e parar de escrever.


Ficha Técnica


released September 7, 2020 Gonçalo Almeida - Bass, loops & electronics Jörg A. Schneider - Drums * Riccardo Marogna - Bass clarinet, tenor sax & electronics ** Giovanni di Domenico - Piano, keyboards & electronics Mixed by Ralf J.Rock at Loundry Room, Hückelhoven Mastered by Marlon Wolterink at White Noise Studio, Winterswijk Photo by Pedro dos Reis

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