Podem ouvir aqui.
Ou é, ou não é! Estranho seria se não fosse. Oni encaixa nos meus ouvidos no primeiro segundo. Entra de rompante, deixa-me rendida e faz-me automaticamente relembrar como é ouvir um disco em que Almeida e Schneider se encontram. Intenso desde o primeiro momento. Rock, jazz, improvisação. Chega-nos tudo de uma assentada só. Voice conta com Riccardo Marogna como convidado. Assumo que não o conheço, poderia aqui fazer bluff e dizer-vos toda a biografia dele e os seus projetos. Não o farei. Façam como eu e visitem o site dele. Maravilhem-se senhoras e senhores. Quem acompanha o que escrevo já sabe: despejar biografias não é comigo. Deixo-vos parte do trabalho de casa feito e aconselho a que aprofundem conhecimento sobre o seu trabalho. É bom, mas bom.
Voltando ao tema Voice. Muitos dirão que é uma chinfrineira, mas não é. Pelo menos para os meus ouvidos. Este disco chegou-me com uma nota: “sabendo que gostas de um som com algum peso”. E não podia estar mais bem anotado. Este som cai-me que nem uma luva. Ouvi-o de fio a pavio. Sem me levantar, sem arredar pé, sem sequer me lembrar de desinfetar as mãos. Transportei-me automaticamente para uma sala de espetáculos onde, sentada de cerveja na mão, saco do meu caderno e escrevo um conto daqueles de jorro quando a música me proporciona tal estado de espírito. Isto é como no sexo, ou vai ou racha. Mas sobre sexo e música irei escrever brevemente.
O exercício hoje não é esse (apesar de saber que irei fazê-lo). Hoje é deixar-vos com sensações e impressões sobre o que excelentes músicos fazem de forma incrível. Passei a Pretense com Giovanni di Domenico no piano, teclas e eletrónicas. E entrei numa autoestrada. Sempre a abrir, com a visão a afunilar e os ouvidos a expandir. Ora se até aqui vim sempre em quinta em The Presence desacelero e meto uma abaixo por pouco tempo porque em milésimas de segundo volto ao registo que tanto gosto. Um minuto e dezasseis segundos em que Almeida e Schneider me levam até às noites de metal em Cacilhas. Na verdade levam-me até uma matiné de metal, que se passou há alguns anos, a um domingo. Bela tarde, essa.
Expulsion e o Riccardo Marogna volta à carga. Chiça, que isto em trio tem ainda mais power. Ora se até aqui eu já me mantinha atenta, a partir daqui só fico mais curiosa com o que aí vem. Alimenta-me a curiosidade de chegar a Oni, malha que intitula o disco.
Clash foi o tema que escolhi para passar no podcast do DizSonâncias (podem ouvir aqui no site). É O tema. Se estivesse no comboio a ir para o trabalho, e conhecendo-me de ginjeira, era Clash em modo repeat (assumo que esta malha está para mim como Asmodea dos Albatre) – Brutal!
Breakpoint abre-nos a cortina para Oni. Voltamos a ter a presença de Giovanni di Domenico. Fechamos o disco com Oni e com vontade de ouvir mais. Não digo com isto que é um disco curto, simplesmente ouvia mais e mais de seguida. Enche-me as medidas, encaixa em mim e nos meus ouvidos.
Acompanhem os projetos de cada um destes músicos e perceberão como tudo faz sentido, como são muito, mas muito bons e como é sempre um prazer ouvir e usufruir da sua música.
Oni é um discaço que deveria entrar pelas casas da malta à descarada! É ouvir e adquirir no bandcamp. Agora, se me permitem, vou voltar à faixa 1, reouvir e parar de escrever.
Ficha Técnica
released September 7, 2020 Gonçalo Almeida - Bass, loops & electronics Jörg A. Schneider - Drums * Riccardo Marogna - Bass clarinet, tenor sax & electronics ** Giovanni di Domenico - Piano, keyboards & electronics Mixed by Ralf J.Rock at Loundry Room, Hückelhoven Mastered by Marlon Wolterink at White Noise Studio, Winterswijk Photo by Pedro dos Reis
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